Na costa se usava adobe argiloso (tijolo de barro mesclado com um pouco de palha secado ao sol) e quincha (cana e barro) nas casas comuns. Na serra, o material era de pedra. Mas ambos eram usados nos dois lugares. Os tetos de palha eram revestidos com mantas de pluma. Suas construções são mais fortes que as castelhanas, resistindo bravamente aos terremotos que arrasam as vilas coloniais. As ruas das cidades eram estreitas e a água era encanada.
As casas da nobreza consistiam de complexos retangulares, marcados por um muro alto, que encerravam uma série de quartos. Havia um só acesso a estes quartos, um portal que conduzia a uma espécie de pátio de distribuição.
As vivendas dos camponeses consistiam de um só quarto com portas estreitas e janelas pequenas, quando havia. No interior havia nichos e os objetos domésticos eram escassos. Não havia assentos e se dormia no chão sobre esteiras. As roupas eram penduradas nas paredes, os utensílios eram guardados na cozinha, que era uma pequena choça adjacente.
A tiana (assento de madeira talhada em uma só peça) era usada apenas pela nobreza. Não era comum o uso de colunas e, principalmente nos templos, proliferavam as portas cegas (sem vão real), construídas para os espíritos. Os nichos, portas e janelas eram de formato trapezoidal.
As principais unidades de uma cidade são o ushno (edifício piramidal com base em plataforma retangular, para fins religiosos), acllahuasi (onde moravam as mulheres escolhidas), sucre (plataformas de cultivo), kallanka (edifícios espaçosos destinados a diversas funções), masma (casa com dois recintos), kancha (construções diversas que formam uma mesma unidade), huayarana (casa de três paredes e uma coluna para sustentar o teto) e kollka (depósito).
Cusco
O centro do Império. Os templos eram de muros lisos de pedra e perfeitamente construídos. Suas juntas se encaixam sem que seja possível passar um fio de cabelo e não contêm argamassa. No centro das ruas, um conduto de água coberto com louça de pedra abastecia toda a população. Nos caminhos do Império, aquele que ia para Cusco devia reverenciar aquele que voltava, só porque havia estado na cidade dos deuses.
Coricancha: formado por quatro casas de tamanho médio cujas paredes e vigas foram cobertas de ouro. Na mais bonita estava o Sol, representado por uma grande figura de ouro maciço com incrustação de pedras preciosas, um disco de meio metro de diâmetro que desapareceu durante a conquista.E também o Punchao, uma estátua do sol com figura humana e do tamanho de um homem, trabalhada em ouro e pedras preciosas, e o rosto rodeado de raios. No Jardim do Sol, tudo era de ouro e pedras preciosas: o terreno, os caracóis, lagartixas, ervas e plantas, árvores com frutos de ouro e prata, milharal com espigas de ouro, mariposas, vinte lhamas de tamanho natural. O santuário era formado por várias capelas dedicadas ao culto. No Templo do Sol ficavam os restos mumificados dos Incas. O Templo da Lua servia para reunir as múmias das Coyas (mulheres dos Incas). Em outras seções se venerava o Relâmpago, o Trovão, o Arco-Íris, enquanto que na sala de sacrifícios eram colocadas as oferendas. Havia também um recinto reservado ao sacerdote.
Acclahuasi: cem vivendas internas para as mulheres escolhidas. Era proibida a entrada. Na colônia é um convento.
Huacaypata: praça traçada por Manco Cápac para que servisse de centro simbólico do Império. Frente a ela foram construídos os palácios de vários Incas e a acllahuasi. É a atual Plaza de Armas.
Sacsayhuamán: fortaleza/templo guardiã da cidade, no alto do morro que se ergue além da Huacaypata. Pode alojar um exército de cinco mil homens. Formada por três plataformas de mais de 300m de extensão, com muros simétricos e colossais em forma de zig-zag. A primeira plataforma chega a ter pedras de 360 toneladas, com 9m de altura e 10m de espessura. A segunda e terceira plataforma são um pouco menores. Há três portais que conectam as plataformas, e que seguem por uma grande escadaria. Há três torres no topo, sendo uma delas circular, que estão em ruínas na colônia.
Vale Sagrado
– Chinchero: palácios, sucres e uma fortaleza incaica rodeiam a cidade, de onde aparece o arco-íris. Na praça principal, há uma muralha de pedra lavrada com 10 nichos de 2m de altura e 1,50m de largura, que permanece intacta na colônia. O povo vive nas mesmas casas e continuam realizando a feira de trocas na praça, onde foi erguida uma igreja. Localizada na subida de uma colina, do outro lado fica o lago Puray.
– Pisac: conjunto de sucres, muralhas e cavernas, onde se encontra a torre de observação astronômica, o Intihuatana. Uma torre circular de onde se destaca uma rocha talhada com uma coluna de pedra que determina o curso do sol.
– Tampumachay: balneário do Inca, formado por quatro muros em forma de escada. Onde era praticado o culto à água. A água verte do segundo muro sobre um pequeno poço de pedra.
– Ollantaytambo: fortaleza a 2.750m, formada por monólitos de pedra rosada, com mais de 4m de altura. Aos pés da fortaleza, a cidade.
Mayao
Muralha de adobe e pedra de 66 km de extensão e altura média de 3m. Começa próximo ao mar e atravessa o vale do Santa. Ao seu largo, há 14 construções que parecem antigas guarnições.
Caminho do Inca
O caminho inca vence todos os obstáculos: a puna, as torrentes, os penhascos, os desertos, os bosques tropicais. Na planície, é largo. Nos vales, com largura para duas pessoas. Na costa, estava flanqueado por árvores e canais. Percorrem cerca de 40 mil quilômetros. O caminho também inclui túneis e atingem a altura de 4.300m. Foi traçado de forma mais reta possível, trabalhando a rocha em várias escadarias, recheando pântanos com pedaços de rocha, argila e galhos. Nos lugares mais importantes, usavam lajes de pedra. O caminho abrange quase todo o Império do Sol, de norte a sul, da costa à selva.
Tambos
Uma só habitação, com três portas na frente, que funcionava como estalagem, espalhados pelo caminho. Na média, ficavam de 20 a 30km um do outro. Era levado em consideração mais o tempo de caminhada do que a distância percorrida. Eram gratuitos aos funcionários do Império, mas era cobrada uma taxa dos mercadores e viajantes comuns. A conservação do tambo era feita pelas vilas próximas, sob responsabilidade do ayllu. Em cada tambo ficava um chasqui (mensageiro), que deveria receber a mensagem do chasqui que chegava e passar adiante. Como não havia escrita, essas mensagens eram orais. Os tambos também serviam como depósito de alimentos para abastecer as tropas do Império em suas campanhas.
Pontes
Havia três tipos de pontes: suspensas (pênsil, feita de fibra vegetal); de pilares de pedra; ou compostas de um cabo grosso preso nas árvores à margem do rio por onde corria uma grande cesta presa na corda por uma alça de madeira, onde cabia de uma a quatro pessoas. A cesta era puxada por uma segunda corda por pessoas na outra margem. A conservação das pontes seguia o mesmo modelo dos tambos.