• Brancos
Os castelhanos da alta nobreza não se interessam em vir à colônia, a não ser para ocupar os cargos mais elevados. O resto é disputado pelos aventureiros, militares obscuros, cavaleiros empobrecidos, negociantes arruinados. Apenas os brancos ricos têm acesso à cultura, que fica nas mãos da Igreja. Para conservar o poder, o povo precisa vê-los como seres diferentes, superiores.
• Criollos
São os brancos do Novo Mundo, filhos de castelhanos nascidos na colônia. Herdeiros de sua fidalguia e hábitos. A primeira geração surge em 1560, junto com os mestiços. O criollo é cheio de orgulho nativo e amor à terra. Por isso, como medida preventiva, estão excluídos dos cargos públicos, apesar de manterem certos privilégios. Possuem rivalidade com os castelhanos. Não têm amor pelo Rei ou pelo Reino, pois não o conhecem. O preconceito é normal na relação entre brancos e criollos. Alguns brancos afirmam que seus vícios e indolência se originam do leite de índias e negras. Apesar disso, alguns conseguiram se tornar presidentes de Audiência, inquisidores, bispos e até mesmo Arcebispos.
• Índios
Subjugados, vegetam em plano inferior na colônia. Sua vida é a fortuna do colonizador. Muitos fugiram, se escondendo nas montanhas. Lendas e boatos de cidades incas encravadas nas regiões menos acessíveis povoam o dia-a-dia da colônia. Entretanto, os castelhanos têm respeito pela cultura inca, mais do que por qualquer cultura nativa da Terra de Santa Cruz. Sua nobreza é respeitada, alguns possuem terras. As terras de Sayri Túpac foram mantidas em poder de seus herdeiros. Sua filha se casou com o governador das terras araucanas. Os filhos dos curacas freqüentam uma escola só para índios.
• Mestiços
Filhos de brancos com índios. Têm posição subalterna na colônia, proibidos de entrar em diversas casas reais e na profissão eclesiástica. São obrigados a tributar e ajudar os índios nos trabalhos das minas e dos campos, mesmo quando for filho legítimo, reconhecido pelo lado branco da família. Porém, dependendo da classe social deste lado, ocorre alguns privilégios, como freqüentar colégios e casas de estudo, ou até mesmo se tornar um padre ou um abade. Os mestiços nobres são enviados para a Metrópole. A relação entre índios e mestiços ocorre sem problemas. E não deixa de haver uma ligação, ainda que pouco definida, entre mestiços e criollos. Os mestiços possuem mais liberdade que os índios, sendo os preferidos para acompanhar caravanas, rastrear, caçar animais ou até mesmo escravos fugidos. As leis que proíbem os negros e os índios de portar armas ou andar a cavalo nem sempre são aplicadas aos mestiços, dependendo muito da origem do mestiço e da região.
• Negros
Ao contrário das colônias lusitanas, os negros estão relegados a meros coadjuvantes no Vice-Reino de Nova Castela. Mas a origem não é diferente: são negros escravos arrancados de suas terras para servir às humildes funções agrícolas e domésticas da colônia. Ao contrário dos índios, são comparados aos animais domésticos. Sua religião não encontra espaço para se desenvolver, esmagada entre a fé católica e os cultos e crenças indígenas. Os negros não se adaptaram ao clima nas cordilheiras, limitados à costa. Porém, nos costumes e na vida cotidiana, os negros conseguem ter alguma influência.
Considerados animais, a legislação colonial pouco se ocupa deles. São os Cabildos que ditam as normas aos seus senhores. Algumas delas:
1 – O escravo que fugir da casa do amo poderá ser apresado ou ter o tornozelo deslocado. Se a ausência passar de seis dias, poderá ser morto.
2 – Não pode ter casa própria, nem vestir seda ou adornos, sendo obrigado a despojá-los em praça pública.
3 – É proibido vender-lhes vinho ou chicha.
4 – Não pode ser enterrado em ataúde (no início, jogavam seus cadáveres nas ruas, mas agora enterram em cova rasa ou vala).
5 – A caça de negros fugidos é uma profissão legal e bem remunerada. É só apresentar a cabeça do negro ao Cabildo e receber o prêmio, que varia de 5 a 25 pesos.
6 – Quando chegam nos portos, são desembarcados de dois em dois, acorrentados. Ficam um mês de quarentena numa fazenda afastada. Ao entrar na cidade, ficam ao relento até encontrarem comprador.
• Mulatos
Filhos de brancos com negros. São escravos ou homens livres, chegando a participar intensamente da vida nas cidades. Assim como muitos negros, se tornam vendedores ambulantes. Vendem de tudo: biscoitos, leite, água que trazem das fontes, doces. Muitos se tornam médicos, estimulados pelos próprios senhores. Além dos mulatos, há também os chinos (negro com índio) e os zambos (negro com mulato).